sábado, 24 de outubro de 2009

O Mercador de Veneza (14/08/2009)



O Mercador de Veneza de William Shakespeare conta a história da rivalidade entre cristãos e Judeus, nas figuras de Antônio - o mercador - e Shylok, respectivamente. Neste romance/comédia o cristão toma dinheiro emprestado com o judeu para que seu amigo Bassânio pudesse casar com a dama italiana Pórcia.


Shakespeare nesta obra faz algumas críticas ao pensamento vigente em sua época (século XVI), entre eles destacamos:


1) O anti-semitismo vigente na época: representado na rivalidade entre o Antônio e Shylock. Mesmo nessa situação, o judeu ainda empresta dinheiro a juros a Antônio, mas estipula um prazo além do qual estaria autorizado a tomar uma libra de carne do corpo do mercador (situação parecida é relatada em O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna) .
Com o tempo espirado, o judeu vê a oportunidade de vingar-se dos cristãos e exige, em julgamento, que a dívida seja paga, alegando estar agindo do mesmo modo dos cristãos.


2) A lei é tratada como se estivesse acima de tudo e todos, dessa forma, absurdos como o contrato de dinheiro em troca de uma libra de carne humana tem que ser cumpridos para que a Lei fosse salvaguardada. Junto a esse fato vem a facilidade de persuasão, quando Pórcia (a dama italiana pretendente de Balssânio) convence o doge de Veneza a só aceitar a sentença se nenhuma quantidade de sangue fosse retirada junto à libra de carne. E se alguém convencesse o doge quando ao fato implícito de que a retirada de uma implicava necessariamente na outra?


3) O livro ainda discute o livre arbítrio quando coloca a figura de Pórcia, a qual estava “condenada” a casar-se com aquele que decifrasse o enigma dos baús deixado por seu pai, muito bem representado na seguinte frase da dama: “Não posso escolher um e não posso rejeitar nenhum!”.


Vale a pena falarmos no interessante enigma dos baús nesse momento. A foto da bela Pórcia estaria num de três baús (um de ouro, outro de prata e outro de chumbo), aquele que escolhesse esse baú teria pórcia por esposa. Cada um dos baús continha a seguinte inscrição:



-Ouro: “quem me escolher ganhará o que muitos homens desejam”. De fato a fortuna é desejada por muitos homens, mas ela ainda não é tudo.
-Prata: “quem me escolher terá tudo o que merece”. Será que de fato somos merecedores de alguma coisa boa nesse mundo. Como o próprio Shakespeare levanta nesta obra e em outras (Hamlet, Sonho de Uma noite de verão): “se tratares os homens da forma que merecem, quem se livrará da chibata?”
-Chumbo: “quem me escolher deverá dar e arriscar tudo o que tem”. De fato este era o baú certo, dentro do qual encontrávamos uma carta que dizia: “Tu, que escolhes não pela fachada; Tu, que crês na tua boa sorte; Dá tua busca por encerrada, pois tua fé no verdadeiro é forte”. De fato, no amor, devemos ter fé naquilo que é verdadeiro, arriscando tudo o que temos.
Por Bruno Pessoa

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