sábado, 27 de junho de 2009

Um Estranho no Ninho

“O amor não surge onde existem regras”
Edilson Pinto

Mais uma vez o A.M.A.R.T.E., neste 05/06/2009, se reúne para discutir temas ligados a psiquiatria. E mais uma vez cinema e literatura caminham juntos. O filme de hoje, “Um Estranho no Ninho”, foi baseado no livro de Ken Kesey.

O filme foi lançado em 1975, época em que ainda nem se falava em reforma psiquiátrica (pelo menos no Brasil), gerou muita polêmica na época, e foi motivo de verdadeiras discussões, porque trazia à tona a dura realidade que muitas vezes fingimos não ver (e que acontece até hoje). Não a toa, a produção foi coroada com 5 Oscars.

McMurphy (Jack Nicholson) é um prisioneiro transferido para o sanatório, suas maiores acusações são 5 prisões por agressão, que ele insiste em chamar de lutas (característico de seu sarcasmo). E os agravantes? Falar sem estar autorizado, não querer trabalhar. Parece ridículo? Não para instituições autoritárias.

A internação de McMurphy no hospício o fez reconhecer outra realidade, para ele os loucos eram livres, mas o que ele encontra lá é repressão. Os pacientes se sentem intimidados a expressar suas opiniões (talvez por isso a terapia de grupo retratada no filme pareça mais um monólogo). Para ele liberdade é seguir sua própria vontade, e é isso o que ele faz: leva os pacientes para pescar, incita neles um “motim” para que troquem a inútil terapia por uma hora de televisão para assistir a final da liga de basebol, etc. Tudo isso para que os “loucos” seguissem suas vontades.

Mas aquilo não poderia sair assim, não ficaria impune. Mais uma vez, como vimos em outros filmes, quem atrapalha a ordem tem que ser reprimido, e a repressão vem em forma de violência: primeiro o eletro choque. O interessante é que a repressão violenta serve muito mais para assustar (leia-se controlar) os outros que o próprio agredido. Enquanto todos observam McMurphy atônitos, este encara tudo de forma cômica, fazendo piada de sua própria tragédia, incitando os outros pacientes a não desistirem.

McMurphy não desistia de seu ideal de liberdade, até que um dia leva prostitutas para os internos e faz uma verdadeira festa. Depois desse episódio ele não sairia impune, é levado pelos ícones da ignorância daquele hospital (Enf. Ratchel e Washington) e volta como um vegetal. McMurphy havia sido submetido a lobotomia frontal. Tiraram de McMurphy sua principal característica: exprimir e lutar pelo seu desejo, aliás retiraram dele a característica que nos diferencia dos outros animais. Para alguém que lutava tanto por liberdade, aquilo significava a MORTE.

Um comentário:

  1. Gostei muito desse filme, porque vemos o preconceito para com pacientes psiquiátricos até mesmo entre os próprios estudantes de medicina, que colocam a culpa no medo, o que para mim não deixa de ser mais uma forma de preconceito, pois nem todo paciente psiquiátrico é violento, ou causa medo.

    Uma pena que nesse dia poucas pessoas estavam presentes, mas esse filme, foi muito bom e nos passa uma mensagem muito importante.

    Pois não devemos tratar os pacientes psiquiátricos com preconceito, pois por mais especialistas que sejamos, uma hora vamos nos deparar com um paciente psiquiátrico e precisamos saber como tratá-lo.

    Gabriela Dantas de Santa Cruz

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